Postado em 13 de Outubro de 2017 às 15h27

Descarte correto de cosméticos

Resp. Ambiental (35)

Todo mundo usa, mas poucos sabem que produtos de higiene pessoal ou maquiagens não devem ser tratados como lixo comum.

Por Carol Bonamigo

Antes de mais nada, é importante definirmos do que estamos falando. Conforme Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC Anvisa) nº 7/2015, “produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas parte do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado”.

Um estudo elaborado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com a Unicamp, apontou que o mercado de cosméticos do Brasil cresceu a uma taxa média anual em torno de 13%, considerando o período de 2000 a 2006. Atualmente, o País é o terceiro maior mercado consumidor de produtos de beleza, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Especialistas apontam que o setor tende a atingir taxas de crescimento cada vez maiores nos próximos anos.

Por se tratar de um mercado tão vasto, supõe-se que a produção de resíduos seja igualmente proporcional. Seja através da finalização do consumo (que, convenhamos, sempre fica um restinho no fundo da embalagem) ou para descartar os que já estão vencidos, em função dos vários componentes químicos adotados para a fabricação desses produtos, a destinação final inadequada pode causar sérios danos ao meio ambiente. “Como explica RDC Anvisa nº 306/2004, resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou disposição final específicos. Portanto, os cosméticos entram nessa categoria”, esclarece o engenheiro ambiental Cássio Dalla Rosa.

Isso por causa dos elementos encontrados em sua fabricação. Segundo Dalla Rosa, a especificação da tecnologia de tratamento a ser empregada para os resíduos de cosméticos depende diretamente do risco que eles apresentam. “Faz-se necessário realizar uma análise integral do resíduo a ser descartado, de modo a delimitar o maior risco associado a ele. Grande parte dos resíduos de cosméticos compõem-se de substâncias químicas, que em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, toxicidade e reatividade, podem apresentar riscos para a saúde pública e ao meio ambiente. Diante desse contexto, se torna imprescindível a correta gestão desses resíduos. Tecnologias como o tratamento por incineração e a disposição final de resíduos (no estado sólido) em aterros Classe I constituem-se de alternativas no mercado para o correto gerenciamento dos resíduos do setor de cosméticos”, afirma o engenheiro ambiental.

Portanto, a melhor maneira de descartar os restos desses produtos é através de farmácias ou nos estabelecimentos onde foram adquiridos, pois estes possuem uma logística própria de recolhimento de resíduos. Já no caso das embalagens, tais como papel, plástico, vidro e metal, quando em boas condições, podem ser utilizados como matéria prima para a indústria da reciclagem.

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Segundo o portal Eco Desenvolvimento, algumas empresas começaram a investir na criação de pontos de coleta de embalagens vazias de cosméticos. Entre as citadas estão a Avon, a Risqué e a M.A.C. Em parceria com a TerraCycle, a Avon criou um programa para coletar embalagens e resíduos de perfumes, cremes, loções, maquiagens e esmaltes de qualquer marca. A participação é gratuita e aberta a todo território nacional. Basta se cadastrar no site, imprimir uma etiqueta pré-paga pela organização e levar o pacote a uma agência dos Correios. A quantidade mínima para envio são 30 unidades. Podem ser encaminhados: embalagens de maquiagem de plástico ou papel, tubos e frascos de maquiagem, vidros de esmaltes, pincéis, esponjas e estojos de maquiagem em geral. Para cada quilo de resíduo enviado, a TerraCycle doa R$ 1,00 à The Nature Conservancy (TNC), uma organização não-governamental que se dedica ao desenvolvimento de projetos de conservação ambiental. A entidade tem projetos para a recuperação de matas nativas em diversos biomas brasileiros.

A grife de maquiagem M.A.C. também tem um programa de incentivo à reciclagem em que os clientes podem trocar embalagens de plástico ou vidro de produtos da marca por um batom. Basta levar seis embalagens até uma das lojas físicas para participar do programa Back to M.A.C.

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