Postado em 30 de Junho de 2020 às 08h35

Saúde Bucal

Sorria! (8)

Ministério da Saúde realiza nova edição de estudo epidemiológico

A investigação Saúde Bucal (SB Brasil 2020), adiada deivido à pandemia, pretende examinar cerca de 30 mil brasileiros para identificar os principais problemas na saúde bucal da população brasileira. A pesquisa será realizada nas capitais de todos os estados, Distrito Federal e em cinco municípios do interior das regiões do Brasil. Além de mapear acesso a serviços odontológico, o levantamento caracterizará o perfil demográfico e socioeconômico dos participantes.

Pesquisadores vão avaliar a população para identificar as condições bucais mais comuns como cárie dentária, doenças periodontais, necessidade de próteses dentárias, condições da oclusão, traumatismo dentário e o impacto dessas condições na qualidade de vida, entre outros aspectos.

Efigênia Ferreira, Doutora do Departamento de Odontologia Social e Preventiva da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instituição responsável pela investigação deste ano, informa que a pesquisa vai examinar diferentes faixas etárias (5, 12, 15 a 19, 34 a 45 e 65 a 74 anos). “É um estudo complexo porque avalia cinco grupos etários e examina várias morbidades. Serão mantidas a coletas de dados de interesse da saúde pública e que permitam análises comparativas dos dados. Além dos executores, professores-pesquisadores da Faculdade de Odontologia-UFMG, contamos com um grupo de pesquisadores vinculados a outras universidades com experiência em levantamentos anteriores e também com o apoio da rede de serviços públicos de saúde bucal de todos os estados do Brasil. É um grande esforço nacional, a cargo da Coordenação Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde. Seus resultados nos darão o quadro atual e principalmente, um norte para as ações futuras.”

Para o Ministério da Saúde, a SB Brasil é uma importante ferramenta para analisar as condições atuais de saúde bucal da população brasileira, e para aprimorar a Política Nacional de Saúde Bucal, Brasil Sorridente.

Índices Brasil

Na última pesquisa (2010), 43,5% das crianças brasileiras de 12 anos estavam livres de cárie na dentição permanente. A idade de 12 anos é referência da Organização Mundial da Saúde (OMS), pois neste período a dentição permanente está quase completa. O Ministério da Saúde relata que em 1986, o índice de cárie aos 12 anos era de 6,7, aproximadamente sete dentes afetados pela doença, a maioria sem tratamento. De 2003 para 2010 houve uma redução de 26% deste índice.

“Do primeiro levantamento, feito em 1986, até o mai srecente, 2010, a melhora foi substancial. E podemos dizer que a cárie dentaria aos 12 anos se mostrou bem controlada. Nas outras idades ainda temos um quadro preocupante, principalmente para crianças de cinco anos e idosos. Aproximadamente 50% das crianças de cinco anos apresentaram a cárie dentária, a maioria sem tratamento, portanto sujeitas à dor e desconforto. E mais de 50% dos idosos são desdentados totais”, constata Doutora Efigênia Ferreira.

Disparidades regionais

As regiões centro-oeste, norte e nordeste apresentavam os maiores índices de cárie, segundo o último levantamento epidemiológico (2010). Quando analisado o padrão médio da população, foi possível comprovar diferenças entre as regiões brasileiras. Regiões com maior desenvolvimento econômico, como sul e sudeste apresentaram um quadro de saúde bucal um pouco melhor que as regiões norte e nordeste, por exemplo. Contudo, Doutora Efigênia explica que em qualquer região haverá populações com melhor e pior saúde bucal. Todo estudo sobre saúde no mundo vai ressaltar estas diferenças, pois piores condições de vida estão associadas às piores condições de saúde. Populações carentes vão melhorar a saúde bucal quando tiverem melhores condições de vida, complementa Efigênia Ferreira.

Doutora Deise Bonatto é odontóloga em Boa Vista da Aparecida, cidade essencialmente agrícola de quase 8 mil habitantes, localizada no interior do oeste do Paraná, distante 600 quilômetros da capital Curitiba. Dados do IBGE 2017, indicam renda média mensal de 1.7 salários mínimos; taxa de escolaridade (6 a 14 anos) de 99,2% e esgotamento sanitário adequado em apenas 13.5% dos domicílios. O dia a dia do consultório privado evidencia os dados do estudo. Doutora Deise afirma que, apesar de a população urbana receber água fluoretada, a cultura da higiene bucal e os cuidados com a alimentação, estão diretamente ligados à qualidade da saúde bucal: “Muitos de nossos pacientes infantis abusam da ingestão de comidas industrializadas, têm uma dieta rica em açúcares, não realizam escovação e higiene bucal adequadas e acabam desenvolvendo cáries e até outros tipos de doenças. 90% dos idosos são portadores de algum tipo de prótese. Grande parte dos nossos clientes vêm para algum tipo de procedimento: cárie, canal, extração. Poucos vêm para controle. Deveria ser o contrário. Vejo como uma questão cultural, de acesso à informação e educação sobre saúde bucal”, destaca Deise.

Saneamento básico de qualidade

No relatório de 2010, o Ministério da Saúde ressaltava: “O significativo crescimento das equipes de saúde bucal, a criação de centros de especialidades odontológicas, a habilitação de municípios com laboratórios de próteses dentárias, a distribuição de 72 milhões de kits de escova e pasta dentária, a ampliação do acesso à água tratada e fluoretada para cerca de sete milhões de brasileiros proporcionaram a redução do número de dentes extraídos.”

Contudo, atualmente, quase 35 milhões de pessoas da população brasileira não têm acesso sequer ao abastecimento de água (16,38% da população). São dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), analisados pelo Instituto Trata Brasil.

Doutora Efigênia Ferreira assegura que a fluoretação da água de abastecimento público se mostrou uma medida eficaz contra um dos problemas, a cárie dentaria. “Para isso, é preciso que a população tenha disponível em sua casa a água tratada e fluoretada ou que tenham disponível para uso diário, a pasta dental com flúor. A doença periodontal pode ser melhor controlada por meio da higiene da boca. É preciso que todos tenham escova, fio dental e pasta de dente, que aprendam como e quando usar e que tenham o hábito de limpar os dentes. Além disto, a assistência odontológica deve estar disponível para todos. Muitos brasileiros são desdentados porque não tiveram oportunidade de fazer um tratamento quando precisaram e quando conseguem fazer já não há mais como tratar. Uma boa alimentação contribui para a saúde, em qualquer aspecto. Não será diferente com relação à saúde bucal, certifica Efigênia Ferreira.

O saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição Brasileira e pela Lei nº. 11.445/2007. É definido como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais que englobam abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, gestão de resíduos sólidos. “Ter saneamento básico é um fator essencial para um país poder ser chamado de país desenvolvido. Os serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à melhoria da qualidade de vidas das pessoas, sobretudo na saúde Infantil”, garante o Instituto Trata Brasil.

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