Postado em 18 de Dezembro de 2019 às 14h03

Nem mais, nem menos!

Vida Saudável (34)

Quanto mais cedo entendermos que é preciso ter equilíbrio na vida, mais tempo teremos para cuidarmos da saúde

Angela Piana

Não é preciso correr uma maratona por dia ou encarar aquela dieta drástica para deixar a saúde em dia. Também, não dá para comer tudo que se tem vontade e passar o dia parado. Quem não tem equilíbrio na vida, paga caro com a saúde em qualquer idade. Mas, o que precisamos fazer para viver bem e encarar os desafios da vida moderna sem prejudicar a saúde?

Segundo dados do Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira está acima do peso. Nos últimos 13 anos, houve um aumento de 67% na taxa de obesos no país. O fator é um dos principais agravantes do desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes e pressão arterial alta que desencadeiam outros problemas graves de saúde como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

O assunto é tão sério, que um dos mais respeitados médicos do Brasil, o cancerologista Drauzio Varella, faz um alerta:

“Uma a cada três pessoas vai morrer de infarto ou AVC. Isso acontece porque não sabemos nos cuidar e estamos vivendo de um jeito que não é natural. Comemos mais do que precisamos e aprendemos a fazer tudo sentados. Não fomos preparados para a realidade que o mundo moderno nos oferece e a saúde paga um preço alto por isso”.

PRECISAMOS NOS MEXER

A história mostra que por milhares de anos a oferta de alimentos foi escassa e nossos ancestrais precisavam se movimentar para garantir o alimento através da caça e pesca. Só depois da Segunda Guerra Mundial, com a modernização da agricultura, a oferta de comida aumentou, e se movimentar deixou de ser uma necessidade. Mais alimentos e menos exercícios foram mudando as condições fisiológicas.

“Por muito tempo a humanidade só gastava energia para comer, fazer sexo e fugir dos predadores. Então, se exercitar só pela necessidade de sobreviver é algo que herdamos. Mas hoje em dia, além de não precisarmos nos mexer para quase nada, há tanta opção de alimentos que acabamos ingerindo mais do que precisamos e aí surgem os problemas de saúde: excesso de peso, falta de nutrientes e vitaminas”, sublinha Drauzio Varella.

Estamos em uma era em que a tecnologia facilita nossa vida, mas também nos obriga a trabalhar mais, seja ao responder um e-mail de casa, conversar com um cliente via whatsapp à noite ou enviar relatório que faltou ao chefe durante o almoço. A facilidade na comunicação que encurta distância e melhora os processos, também nos distancia de nós mesmos, segundo o médico.

“Basta tocar na tela do celular e está tudo ali. Mas a verdade é que nosso cérebro não está preparado para essa avalanche de informações a que somos submetidos a todo instante. Na época das cavernas, por exemplo, o homem fazia uma coisa de cada vez, e ainda é assim com nosso cérebro, ele só registra uma coisa por vez. Chega uma hora que a gente se cansa e se não entendermos a necessidade de frear e descansar, o quadro pode evoluir para depressão”.

É PRECISO DISCIPLINA

Outro problema, que já foi pior, continua preocupando o setor da saúde mundo afora. As doenças decorrentes do consumo do cigarro devem matar 800 milhões de pessoas no século XXI, mesmo número de mortes relacionadas ao sedentarismo. Segundo pesquisa do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 12 anos houve uma redução de 40% no número de fumantes no Brasil, mesmo assim, cerca de 9,8% das pessoas com mais de 15 anos ainda fumam.

É fato que as pessoas estão mais conscientes da necessidade de cuidar da saúde. Um levantamento feito pelo Instituto Ideafix de Pesquisas, mostra que 52,3% dos entrevistados declaram ter muita preocupação com a saúde, mas 45,7% disseram que não se alimentam direito e 52% não praticam atividade física.

O médico Drauzio Varella considera que não há segredo para ter uma saúde em dia, e sim, disciplina para evitar exageros e não cair em armadilhas como dietas mirabolantes e consumo desnecessário de drogas controladas.

“Não existe uma pesquisa científica que comprove que não tomar leite ou não comer carne, por exemplo, ajude a saúde. Uma vida equilibrada sim, é a melhor saída. Temos que comer só o que nosso corpo necessita, evitar o cigarro e não ficarmos sentados. Quanto mais cedo a gente entender o quão importante é prevenir, mais tempo teremos para cuidar da nossa saúde”, argumenta.

O médico admite que não é fácil e conta que, mesmo sem vontade, acorda todos os dias às 5h para correr por obrigação.

“O ser humano não está preparado para gastar energia, é difícil fazer atividade física. Mas vamos lembrar que se tivéssemos que caçar e pescar para poder comer seria bem mais complicado”.

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