Postado em 30 de Abril de 2021 às 10h28

De garrafa em garrafa...

Especial (28)

Companheiras disseminam práticas inteligentes de reaproveitamento de materiais

Myrian Jung e Rita Sautier, professoras aposentadas, construíram sua vida profissional em Chapecó (SC), na área da educação de crianças e adolescentes, criando projetos de conscientização ambiental tanto nas escolas quanto em comunidades carentes. Hoje, Rita e Myrian dedicam seu tempo aos cuidados do sítio, da família, dos amigos, do meio ambiente e no apoio a crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade.

O planeta Terra é um dos grandes beneficiados pelo trabalho das companheiras. Há tempos elas praticam a economia circular com foco na sustentabilidade e harmonia com a natureza. Não só são responsáveis pelos resíduos que produzem, como coletam e reutilizam materiais descartados por outras pessoas.

De garrafa em garrafa, Myriam e Rita disseminam práticas inteligentes de reaproveitamento de materiais na construção de verdadeiras obras de arte. Em quatro anos, numa área de nove mil metros quadrados rodeada de árvores frutíferas, córregos e animais silvestres, as duas já construíram uma capela, a “casa do tempo”, para exposição de objetos de valor sentimental, e um espaço gourmet. Seguramente, mais de 16 mil garrafas foram reaproveitadas para erguer cuidadosamente os espaços.

Myrian conta que tinham garrafas armazenadas há bastante tempo. “Na época não havia coleta específica, então, fomos guardando até surgir uma ideia. Sempre procuramos reutilizar em vez de descartar. Cuidar do nosso canto – o Planeta Terra - sempre foi uma prioridade.”

Para as companheiras, preservar está em primeiro plano, mesmo que aranhas gigantes estejam penduradas a poucos centímetros de nossas cabeças. “São lindas, deixa elas aí”, comanda Myrian, e segue falando sobre o trabalho:

“Sem saber nada do assunto, expliquei a ideia à Rita e ao Primo, nosso colaborador e parceiro, e juntos fomos criando. Trabalhamos com a questão da luminosidade e cores das garrafas, erguendo paredes, criando mosaicos e objetos. Vimos que é possível morar numa casa feita com garrafas. Há exemplos em outros países”.

“O processo é demorado e requer criatividade. Com o tempo, aperfeiçoamos as técnicas, estudamos e encontramos maneiras mais práticas de construir”, explica Rita, professora de artes.

Myrian e Rita estão sempre em busca de garrafas e azulejos. Diversos parceiros contribuem com as companheiras: lojas, bares, hotéis e também amigos. Donos de bares e restaurantes alegam ser alto o custo de transporte do material até os depósitos das prefeituras ou usinas de reciclagem, por isso, também agradecem quando as meninas passam coletar. O descarte de garrafas de bebidas alcoólicas e vidros diversos em contêiner de recicláveis, apesar de proibido, é prática comum em muitos municípios.

Resultado do esforço em preservar o meio ambiente, as obras criadas por Myrian e Rita iluminam os olhos pela simbiose entre vidros e natureza e pela esperança de um dia termos um mundo mais saudável.

* Fotos: Arquivo Myrian Jung e Rita Sautier

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